your legs are so long
poesia & inglês
they should come with their own elevator i don’t know from which cave of my brain nick cave took this line from ’cause yeah
you must remember to be kind
poesia & inglês
what kind of guy am i? what’s this smile on my face? i sit on a bench in the closest park i watch the doves fly and I still don’t know what kind of
what’s going on?
poesia & inglês
i wonder what your true name is and why do i call you blank space since we met since we developed this new age thing that is going on between us a
this my most fundamental truth
poesia & inglês
yes i’m gonna say it but are you ready? yes this: i wasn’t sure i was talking but you you surely were listening
the waves of the end
poesia & inglês
had yet to materialize but even then we could feel a slight change in the tide
the war
poesia & inglês
you ask the impossible you’ve grown up believing in angels & gods i can’t keep promises i was designed to fail this is the truth and yet you’d
the void
poesia & inglês
it’s had many names, the void: longing, the abrupt loss of interest, what was never there, what ceased to be. but one thing we never called it, one
the time of death
poesia & inglês
it was the time of death but we we turned back the clock
the sixth day
poesia & inglês
from the rags of my skin comes my story clawing my flesh & muscles crushing my skull and bones while my head burns as wildfire and i stare into the
the once and future king
poesia & inglês
you’re objectified by your feelings a ball changing hands all the time dropping on the floor being kicked by the children you’re the byproduct of
the message
poesia & inglês
this i knew: god was absent and her son had messed up the message when he came unto us he was to have taught that we have the right of coming too
the limit
poesia & inglês
this is not patti smith this is the limit yes there’s a limit this is the edge one step more and you could drop dead this is the abyss a cliff a
the leap
poesia & inglês
find me fuck me once more force me to do things i don’t want (as long as i want to) follow me to the abyss jump and fall fall fall while i stop at
the blue room
poesia & inglês
my father once told me that to die is to live a sequence of a thousand departures to mourn the ones we’ve lost on the way to dig graves for unborn
telephone
poesia & inglês
note that I didn’t call before ’cause everything is a mess these days dialing… do you know how hard it is? phones ringing like sonorous metaphors
seeds
poesia & inglês
she came in the night her shadow all made of light bolts coming out of her eyes she had a hard & thick skin the soil where i chose to plant my
rage
poesia & inglês
i welcome my rage as an old friend we drink coffee together we discuss the many wars the constant hungry what i’ve done with myself we hug each
quit
poesia & inglês
i wrote a message saying i quit more than once but i didn’t send it i didn’t send it because it wasn’t the right time i didn’t send it because it
no one sees you
poesia & inglês
and you start wondering why is that? maybe you’ve become some sort of ghost maybe your skin is now so translucent that people see
nebuchadnezzar
poesia & inglês
we should call this what it is: a warm meal, rags of clothes on a salvation army counter, a tombstone where the offspring of nebuchadnezzar await
metaphors
poesia & inglês
another metaphor yes yes i know once again here we are a screen a paper a black ink pen metaphors for the sake of god thirty-four of them a single
magnify
poesia & inglês
the first time i saw you i knew you would be trouble a rosebud that could have made even kane cry shady woman full of ecstasy contemplating some
love
poesia & inglês
you touch the unspeakable we call it love
liquidness
poesia & inglês
i am told you want to survive all this but there’s a lack of lifeboats and to live is now to eradicate the difference between a wave and a shore to
i’d like to fight you until i draw blood
poesia & inglês
and i’d like to ask after: why is my chest open? why has my heart stopped
ignition
poesia & inglês
i wanna be known by my misdeeds by the sins that will never leave my skin, the mark of cain in my forehead pronouncing a cataclysm, announcing the
i wanna see a heretic burn before midnight
poesia & inglês
i wanna get the torch and light the fire i wanna believe this is nothing but divine justice i wanna be
i drew on your back with my fingernails
poesia & inglês
those red-turned-pink lines you asked me to now whenever i look at you i can’t help to think that i made
i bought my feelings for you at a convenience store
poesia & inglês
where they used to sell all kinds of cheap stuff i just didn’t know that what i had bought years
flaming
poesia & inglês
you say, i say doesn’t matter we know a bit less every day i seek to understand what do i want where should i play i have no clue everything aches
eye medicine
poesia & inglês
i need you to see me as if i were a poster on the wall of an unaffordable eye doctor i need you to read me as well as you can and even if you can’t
each word is a god
poesia & inglês
who demands to be worshiped and it’s funny that it was our words our awe for each other what taught us to use the knees for
climax
poesia & inglês
if this feeling had a name it would borrow all its letters from your name and the sentence in which it was written would be the sentence of your
beautiful prison
poesia & inglês
like the day when the night comes everything has to end even life in the absence of death is prison
asleep
poesia & inglês
i dreamt of your body adrift on a far-flung shore i cut every piece of it with a knife made of thoughts what a waste of time what a senseless
as above so below
poesia & inglês
no power on earth can keep you from dreaming with the sky
a spell
poesia & inglês
i wanna be hold tight i wanna feel i can lose everything and yet all i need will remain with me i wanna spell a word so beautiful it will charm my
a midnight cadillac
poesia & inglês
drives through a party that never ends under a sky where there are more stars than hours in an hourglass (you could have left
vidro
poesia & português
queria quebrar taças servir o vinho nas mãos beber feito criança de cócoras num córrego cair na lama, enlamear os cabelos acordar pleno de um longo
rua vazia
poesia & português
é um convite para o desastre eu cuspia seu nome na calçada a boca de lobo sorrindo pra mim foi onde nos encontramos pela primeira vez seus
não sei de nada
poesia & português
e se eu te contasse que não sei de nada? absolutamente nada que é um milagre ter decorado todas as letras do alfabeto que a tabuada só conheço até o
hórus
poesia & português
toco o tempo: meus braços carregam as horas feito longos ponteiros; as mãos separam os minutos dos seus cabelos e entre um e outro momento meço a
hilda
poesia & português
não sabe brincar pega pela mão pega pela planta do pé suas pernas tão longas entrelaçam virilhas bacias fêmures ombros largos hilda me disse
eros
poesia & português
ainda espero a trégua espero que me ponha para dormir e vá jogar golfe gude gamão ou vá parar em qual seja a puta que o pariu não te suporto
êxodos
poesia & português
sua pele: meus dedos seu queixo: minha língua seus olhos: meu rosto e suas orelhas a me escutarem dizer: sou assim e não sinto muito por estar
villalpando
poesia & português
tenho uma dúvida tenho uma suspeita cristóbal de villalpando foi quem chegou o mais próximo possível de retratar o céu com seu zócalo de méxico
vencimento
poesia & português
muitos dos meus amigos têm vencido sem nunca terem sabido disso muito de mim foi feito às pressas argamassa de afetos mal colados (embora todos
tu que se abre pra todos
poesia & português
de um jeito que me fecha a cara de uma maneira que não consigo e não falo de pernas veja falo da sucursal do inferno que é
trincheira
poesia & português
quem é que somos? máquinas entrincheiradas sal e ferro na ponta da língua e à beira dos cotovelos nos deitamos sobre a lama no barro primitivo em
transatlântico
poesia & português
de bruços e de quatro muita coisa foi feita (partir depois da meia-noite é um parto antinatural quem já ficou até tão tarde não tem razão para ir o
tocaia
poesia & português
tá se assim você se sente melhor a gente diz as coisas diferente do que foram chama arapuca de tocaia de animal as presas de pressa de chegar não
terceiro olho
poesia & português
escuta e repara: há menos sentidos num corpo do que é preciso para viver invento um sexto olho de hórus ajna hindu alma porosa aberta a tudo e ainda
taquigrafia
poesia & português
mais que um nome um homem todo desses de se escalar inteiro repasso seus traços à noite sob céu e breu deitado sobre travesseiros não há sonho que
soterrei uma coisa aqui dentro
poesia & português
um pé de menino uma língua de boi? oxe um chifre um casco um boi inteiro como pode e um pano vermelho a lhe guiar a ira
se não escrevo não estou vivo
poesia & português
um dia hei de ser feliz de novo se não escrevo se não dobro a caneta se o lápis não me é na mão um pedaço
prometido
poesia & português
espero dizer o que penso mas não é fácil é muita coisa nasci assim a cabeça enorme os ombros largos pelo menos prontos para aguentar todo peso
prescrição
poesia & português
uma guerra nunca cobra seu preço é distribuída de graça em esquinas nos mais inesperados dos países a dosagem muda conforme necessidade (há que se
pais e filhos
poesia & português
queria que não me tivesse sido dada essa capitania de mágoas hereditárias uma terra que me presenteia com os muitos frutos do medo queria uma mão
outra vida
poesia & português
já te encontrei em outra vida uma ferida aberta que não cicatriza te medi com os olhos pesei com a boca já fiz do seu peito um barco (num certo
não sou
poesia & português
sua tarde livre não sou a taxa de mortalidade agravada pelos agrotóxicos não sou uma planta perdida numa selva verde demais nem sou seus
não pude ir
poesia & português
não quis não pude querer não soube dizer: tudo isso é demais e só o que quero é pouco
móveis modernos
poesia & português
imagina quando tudo isso acabar o tanto de restos as migalhas caídas embaixo do tapete os móveis mexidos arrastados para o lado evidenciando tudo:
má tradução
poesia & português
você me diz talvez e eu escuto não você me diz não e escuto nunca você me diz então que jura e ouço apenas que não há garantias embora você me
mise en place
poesia & português
aprendi a duras penas o nome certo da falta do lábio crispado desejando tudo refogando o mundo em fogo alto decorei com afinco mil gostos colecionei
meu corpo olívia
poesia & português
deixou há tempos de ser uma máquina embora lhe seja programável tantas e tantas coisas: a dor de se sentir fora do eixo a fagulha
mais a saber
poesia & português
há sempre mais a saber: dedos ou língua? sacolas verdes ou brancas? o que acontece num ralo de pia? há sempre muito mais para ver: savanas
maio
poesia & português
você me diz que ninguém nunca prestou atenção na sua fome eu te respondo com a mão sobre o ventre: eu te devoraria, mas não o alimento aos outros só
laços
poesia & português
todo corpo carrega uma segunda silhueta um segundo rosto oculto que nunca viu o sol todo corpo é filho de alguém e órfão de uma saudade
jihad
poesia & português
um mujahidin é um guerreiro santo a guerra nem tanto claro que você vai discordar vai pegar em armas desde já apontar uma cronologia inteira de
intercâmbio
poesia & português
estou à espera de encostar minha voz na tua até no espaço íntimo entre elas ouvir ecoar uma nova língua
homoousios
poesia & português
talvez te ensinem o contrário mas acho pouco provável é bem capaz que te apontem um dicionário como prova viva de que há formas muito corretas de se
hermes
poesia & português
tudo o que vivemos é culpa única e indivisa dos céleres pés de hermes trismegisto das suas mãos feitas de seda portátil lâminas serradoras de carne
gancho
poesia & português
faz assim: do seu jeito não o contrapeso de uma ação mal feita é a massa do futuro e não quero nada falido aqui faz assim: dobra a roupa de cama
flerte
poesia & português
na noite ferina nossas pupilas são lua crescente (crescente fértil) e o fogo que me incendeia é o mesmo que te ilumina você me pergunta: seria o
fio
poesia & português
estou cansado de amolar facas apontar o gume para o pescoço ameaçar a garganta para que nenhuma palavra saia cansado de esmurrar pontas e portas me
farsa
poesia & português
ontem fomos farsa hoje somos tragédia amanhã quem sabe a história nos deixará em paz
eu faço tudo
poesia & português
eu digo sim eu cuspo fogo eu como vidro sento na calçada coço o queixo meço o tempo trato a distância feito um canal no panamá: trafego por ela
estupendo
poesia & português
estou estupendo cecília nunca me senti melhor meus cabelos voltaram a ter vida não estou fazendo nenhum tratamento xampu não é tratamento cecília
dominação
poesia & português
você me segura com as mesmas mãos com que nossos antepassados matavam porcos você me diz com a boca cheirando à mel que é tempo de encerrar a
dilúvio
poesia & português
sei o destino das coisas porque as penso sei que não o sei porque o penso logo lavaremos as roupas logo vestiremos casacos e o que pensamos
desperdiçável
poesia & português
onde me encontro no mundo este lugar que me enfeitiça fascina e conquista o fôlego lado direito do rosto em que sepultam beijos lugar onde te
daqui te vejo
poesia & português
eu um anil que pega no olho cor sutil soco no estômago eu uma lebre dependurada um celeiro em chamas um troço de carregar debaixo do
continentes
poesia & português
são ilhas que já encontraram seus náufragos
condensação
poesia & português
estamos orbitando um espaço vago e amplo feito água e tão assassino quanto estamos girando calcanhares cabeça e clavícula numa ciranda confundida
cecília
poesia & português
as ruas estão cheias de arapucas assim como estão os corpos as caixas torácicas prendendo tudo lá dentro o rabinho de um sentimento veja
caçada
poesia & português
já fui carne de caça hoje predo o que me mata não me atravessam balas os músculos repelem corpos estranhos todo os dias das oito às seis e na hora
carnaval
poesia & português
amanhã ainda será carnaval amanhã começará março e seus rios se insinuarão morro abaixo soterrando montanhas aos côvados eurídice teu nome? sigo
cabral
poesia & português
falta desejo na falha sobram atos específicos contravenções típicas de tempos medievais sobram cruzadas santas coqueluches coloniais a violência
avesso
poesia & português
tenho caçado palavras e não há o que encontrar para prender com corda, arapuca, ou ameaçar com a velha winchester carregada de meu avô gritando para
antígona
poesia & português
foi a última filha de édipo a filha que não o abandonou a filha que lhe perdoou o erro aquela que entendeu que evitar o erro é apenas um
abarcados
poesia & português
está chovendo agora faz dez horas que está chovendo as poças de água na rua são tão grandes que abarcariam cada uma um dilúvio e uma arca é quase
9:31
poesia & português
todo dia entre o café e o vestido vermelho a diferença é pouca tudo queima 9:31 dia de feira as frutas congeladas na geladeira alguém achou o
3 am
poesia & português
reviro tudo estou sem sono não é uma desculpa nem duas nem quatro mas talvez três (da manhã) e resta uma série de pordizeres palavras que me tomam
tenha calma
poesia & português
nada é tão urgente exceto talvez deixe-me ver sim exceto talvez definitivamente isto
maria eulália
poesia & português
eu te amei como a um ser dos séculos passados (o nome ajudava) seus pais te odiavam, maria eulália? acha que tudo que te aconteceu
cotovelo
poesia & português
há um deus morando no osso do meu cotovelo quando o pouso na janela ouço um estalo um estouro uma reclamação um choro o clamor pelo fim dos tempos
feito fogo
poesia & português
eu engulo o escuro me chamo estrela oblitero a vida a cada bilhão de anos
família
poesia & português
caetano era um nome sem homem aparvalho entre as montanhas tinha uma cabra tinha galinhas sob seu jugo sob olhos muito ternos que as protegiam das
joana
poesia & português
eu te deixaria joana cortar meus cabelos eu te adoraria feito a uma santa andaria em um cavalo adestrado pelas suas mãos eu seria a estaca da
escrevo palavras que me protegem de mim
poesia & português
sinos, escudos, gumes, lâminas outras que me erguem da concha e do túmulo da morte cotidiana alavancas
edifício
poesia & português
o corpo um efêmero etéreo erodido edifício erigido a eros onde o único erro é não ser quem se é rgue
dê tempo ao tempo
poesia & português
tempo ao tempo tempo ao tempo engole logo filha da puta a areia e esta ampulheta
arco & flecha
poesia & português
sonhava que atravessava uma faixa etária pela qual os anos passavam velozes feito flechas mirando um alvo em movimento e hoje acordei com tinta
toureio
poesia & português
cerra a semana cansaço incalculável soma de mil portas atravessadas pó de móveis rodopiando pelo ar a sala é vazia de formas e sobre o chão está o
serpentário
poesia & português
sou protegido pelos deuses das más escolhas (meu ascendente é o fundo infinito deste copo repleto do mais líquido veneno destilado em escorpião,
mirabel
poesia & português
diziam mirabel eu mirava e não era pra olhar ninguém se chamava bel era um biscoito wafer qualquer coisa assim eu amava ninguém no interior sabia
mirabel
poesia & português
diziam mirabel eu mirava e não era pra olhar ninguém se chamava bel era um biscoito wafer qualquer coisa assim eu amava ninguém no interior sabia
jaguar
poesia & português
Em tempos de cólera, eu olho Impassível jaguar, insone como um estômago vazio A fome de vida a me torturar o corpo O peso dos dias a costurar as
festa barata
poesia & português
comprei o teu ingresso, o meu, e o de maria quem sabe eu passe hoje à noite pra te buscar não sei nem hora certa, nem lugar mas sei que a música vai
eu não soube nascer
poesia & português
saí do útero ok grande vitória mas o processo é outro de lá pra cá a dor do parto (isto é, a dor de criar a vida) reapareceu
estou rachando em dois
poesia & português
esperava que fizesse certo barulho, mas não é precisamente o silêncio o que me parte
anêmonas me cultivariam se pudessem
poesia & português
no leito arenoso do mar onde a luz ainda lambe a areia me dariam na boca seu veneno me ensinariam que todo