eu, que sei de nada tão bem que sei de quase tudo, não soube te perder. te larguei em um canto murchando, perdendo o encanto, telepata incomunicável, rosa se tornando branco. átomos se esfarelando em nêutrons de negatividade. não pude ganhar, mas tentei tanto que as derrotas se avolumaram feito pódios e lá de cima vi tudo abaixo: rotas alteradas pelo desejo, o óbito de esperanças mortas pelo medo. não falo, não dou as desculpas que peço e esse pedaço de autossuficiência que sou vagarosamente é consumido pela memória. teço redes de saudade onde dormir; acordo suado, sem corpo ao lado. você em outro canto, apagada, a voz distante, inaudível como o silêncio em marte, como o oco da ausência. te bebia em goles, te comia em pedaços, e hoje restam só copos e pratos, os entulhos e os restos, as feridas abertas. curar com o que? o tempo, o caralho do tempo, passou faz tempo.