blog • eduardo furbino |||

roque santo

eu, que sei de nada tão bem que sei de quase tudo, não soube te perder. te larguei em um canto murchando, perdendo o encanto, telepata incomunicável, rosa se tornando branco. átomos se esfarelando em nêutrons de negatividade. não pude ganhar, mas tentei tanto que as derrotas se avolumaram feito pódios e lá de cima vi tudo abaixo: rotas alteradas pelo desejo, o óbito de esperanças mortas pelo medo. não falo, não dou as desculpas que peço e esse pedaço de autossuficiência que sou vagarosamente é consumido pela memória. teço redes de saudade onde dormir; acordo suado, sem corpo ao lado. você em outro canto, apagada, a voz distante, inaudível como o silêncio em marte, como o oco da ausência. te bebia em goles, te comia em pedaços, e hoje restam só copos e pratos, os entulhos e os restos, as feridas abertas. curar com o que? o tempo, o caralho do tempo, passou faz tempo.

próximos garimpo minha memória mais feliz da infância é um carro empoeirado rodando as estradas de Minas, Luiz Gonzaga tocando no rádio e meu pai dirigindo calado ao treze formas de matar satã a menina masca chiclete na esquina. sei pelo cheiro que sobe até mim, pelo barulho da goma esticando e da bola estourando feito carne rosa
últimos posts o atlântico é mais que um oceano breve relato sobre sair do medo treze formas de matar satã roque santo garimpo fragmento 547 eu não sou esse tipo de cara babilônia abdução 2020 vista desimpedida rastro onésimo odisseia bocas de lobo bingo Turmúlio uma cronologia dos afetos tu sabe, dirce, que teu nome não é dirce? o outro é sempre um eu que se move manchete há uma ausência incômoda de tigres nas ruas bermudas your legs are so long you must remember to be kind what’s going on? this my most fundamental truth the waves of the end the war the void the time of death