blog • eduardo furbino |||

odisseia

vou te mostrar partes de mim esquecidas no fundo de gavetas, em interiores de armários que nunca viram o sol.

vou me despir, feito teseu à medusa, dos venenos da minha cabeça.

vou erguer minha cabeça bem alto sobre os ombros, buscando com os olhos o medo que me congelava o corpo, para que as pupilas o petrifiquem feito o choro de um vulcão, feito um iceberg homicida de titãs.

vou me vingar por todo o tempo durante o qual o pavor de ser eu me lançou em uma odisseia à deriva de mim.

vou voltar para casa, depois de tanto tempo, e me enrolar, até adormecer, em um longo tapete tecido pelas mãos de penélope.

vou descobrir que, embora pertencessem a penélope aquelas mãos, a espera que as guiou sempre foi minha espera por mim.

próximos bocas de lobo muitas vezes desejei que uma boca de lobo me engolisse e me cuspisse na sua vizinhança. ouvi dizer que há mais rios soterrados sob são paulo que onésimo estou serpenteando, na falta de movimento melhor. onésimo foi uma pessoa escravizada no primeiro século, a quem se deu dignidade porque se converteu
últimos posts o atlântico é mais que um oceano breve relato sobre sair do medo treze formas de matar satã roque santo garimpo fragmento 547 eu não sou esse tipo de cara babilônia abdução 2020 vista desimpedida rastro onésimo odisseia bocas de lobo bingo Turmúlio uma cronologia dos afetos tu sabe, dirce, que teu nome não é dirce? o outro é sempre um eu que se move manchete há uma ausência incômoda de tigres nas ruas bermudas your legs are so long you must remember to be kind what’s going on? this my most fundamental truth the waves of the end the war the void the time of death