09/11/2023
hoje tive uma experiência estranha com podcasts. escolhi um para correr que acabou sendo de uma tristeza só, não combinando com o sol das sete da manhã ou com minha vontade de expulsar pelos pés tudo o que me frustra no mundo. mudei para outro podcast. que esperança vã. memória, violência, abandono. só isso, isso, isso. pelo menos, a abertura do primeiro me resgatou uma das minhas imagens preferidas dentro da surrada mitologia grega: a de atlas acossado. um detalhe havia me passado despercebido (ou eu o esqueci) sobre o mito atlântico: nem mesmo ele segura o mundo nas costas — é apenas o céu.
nascia o poema:
eu mesmo não sei muito sobre
o que estou dizendo
não mais do que saberia
o desenho sobre os ombros
onde me pressiona o céu da hélade
o céu da hellish são paulo: eu & atlas os dois
não deuses não homens mas sim fodidos
suspeito que é preciso esquecer
o peso das nuvens
UPDATE: 11/11/2023
no fim, o poema se tornou este:
eu mesmo não sei muito sobre
o que estou dizendo
não mais do que saberiam
as marcas nos meus ombros
onde me pressiona o céu de
são paulo: atlas & eu juntos, um duo
não deuses não homens sim dois fodidos
suspeito que ainda será preciso aprender
quão pouco do peso é o peso das nuvens