blog • eduardo furbino |||

bocas de lobo

muitas vezes desejei que uma boca de lobo me engolisse e me cuspisse na sua vizinhança. ouvi dizer que há mais rios soterrados sob são paulo que ruas pelas quais já andamos. tanta água represada me parece um desperdício. queria lançar meu corpo numa vazão amazônica capaz de romper represas; queria que meus cotovelos metessem medo em pontes, que minhas escápulas fossem os barcos nos quais navega seu êxodo — e que rios cinzas e mares vermelhos se abrissem à minha frente com igual reverência, a ponto de me questionar se há em mim algum poder extraordinário ou se, ainda mais surpreendente, a natureza tenha entendido que nada deve se interpor entre meu desejo e eu.

próximos bingo todo bingo é armado. o senhor sabe, né, doutor? a cartelinha é uma mentira, não acredito! e sorte lá a gente chama por ela? nunca ouvi. de onde eu odisseia vou te mostrar partes de mim esquecidas no fundo de gavetas, em interiores de armários que nunca viram o sol. vou me despir, feito teseu à medusa,
últimos posts o atlântico é mais que um oceano breve relato sobre sair do medo treze formas de matar satã roque santo garimpo fragmento 547 eu não sou esse tipo de cara babilônia abdução 2020 vista desimpedida rastro onésimo odisseia bocas de lobo bingo Turmúlio uma cronologia dos afetos tu sabe, dirce, que teu nome não é dirce? o outro é sempre um eu que se move manchete há uma ausência incômoda de tigres nas ruas bermudas your legs are so long you must remember to be kind what’s going on? this my most fundamental truth the waves of the end the war the void the time of death